Compositor joaçabense lança música em homenagem a Frei Edgar

Compositor joaçabense lança música em homenagem a Frei Edgar

Neste ano dedicado às vocações, o compositor joaçabense Marcelo Mago lançou sua nova música em homenagem a Frei Edgar, um grande sacerdote que atuou na região de Joaçaba entre 1946 e 1962. A interpretação da música teve a participação da musicista Amanda Peliciolli. 

Marcelo Mago e Amanda Peliciolli

De acordo com Marcelo Mago, a inspiração veio a partir do legado que Frei Edgar deixou em Joaçaba, sendo conhecido como o “Sacerdote Construtor”. “Foi uma forma simples de homenagear este homem simples que dedicou sua vida à Deus e ao trabalho junto à comunidade”. 

 

Conheça a letra da música:

FREI EDGAR, OBREIRO DE CRISTO

(Marcelo Mago)

NO CONTINENTE EUROPEU, NA ALEMANHA ELE NASCEU

A VOCAÇÃO DE SERVIR EM NOME DE DEUS

O CONDUZIU PARA O BRASIL, ONDE VIVEU

HOMEM COMUM, COM ALMA DE ARTISTA

EVANGELISTA, TODOS EM UM HOMEM COMUM

 

BEBEU NA FONTE

CONSTRUIU PONTES E TEMPLOS E LEITOS, PRA CURAR A DOR

É UMA LUZ QUE NÃO SE APAGA, E FICOU EM JOAÇABA

EXEMPLO DE AMOR

 

FREI EDGAR, HUMILDE PADRE PEDREIRO

SACERDOTE ENGENHEIRO

DO CLAMOR DO POVO FOI A VOZ

FREI EDGAR, MESTRE OBREIRO DE CRISTO

TEU LEGADO HOJE É VISTO

NO CHÃO E NO TETO SOBRE NÓS

SOMOS TEU REBANHO, ROGAI POR NÓS

 

Sobre a história de Frei Edgar:

De acordo com as informações do historiador Antônio Carlos Pereira – Bolinha, em seu artigo publicado na Revista Êxito – Edição 56 nos meses de junho e julho de 2013, Frei Edgar teve um grande destaque na evangelização da comunidade joaçabense, bem como na construção de espaços de fé e de locais para cuidado com as pessoas que estão presentes até os dias de hoje. Acompanhe:

Amigos, Joaçaba é sede de Diocese desde setembro de 1975. A Catedral Santa Teresinha, no entanto, é bem mais antiga, teve a pedra fundamental lançada em abril de 1946, e a Primeira Missa foi celebrada em 20 de julho de 1947, no local da construção. O responsável pela obra foi Frei Edgar Löers, um ilustre joaçabense nascido na Alemanha em 1901, ordenado sacerdote em 1926 e Vigário de Joaçaba entre janeiro de 1946 e fevereiro de 1962.

Frei Edgar tinha estilo bonachão, usava o cabelo de lado, fumava charuto, dirigia um jipe. Era exigente e autoritário, porém atencioso e solícito, apreciava e incentivava as artes. As marcas que ele deixou estão muito presentes na vida da comunidade. Nas décadas de 1940 e 1950, ele fez o cimento e os tijolos mudarem a paisagem da cidade e a vida de muita gente. Foi nosso padre construtor. Com visão futurista pensou no povo e agiu pelo povo, e valendo-se da força do próprio povo ergueu paredes e construiu uma sociedade melhor.

Quando ele chegou aqui a Igreja de Joaçaba situava-se próximo ao local onde hoje existe o Hospital Santa Terezinha, outra obra sua, inaugurada em fevereiro de 1957. Aquela Igreja, onde em 1943 meus pais casaram, era uma construção em madeira de pinho, e na entrada uma grande escada, também de madeira, era o palco das missas dominicais em ocasiões festivas

A Escola de Nova Petrópolis e o Colégio Cristo Rei, atual Superativo, foram outras obras desse sacerdote/projetista/construtor/escultor, que também fez, com suas próprias mãos, o piso de mármore artificial, as pinturas, os capitéis, os ornamentos e o revestimento do altar da Igreja Matriz. Frei Edgar também pintou o quadro de Santo Antônio dando pão aos pobres, um de Santa Ana (tendo ao colo a Mãe de Jesus) e o de Santa Teresinha do Menino Jesus, obras que ainda permanecem na Catedral, além de ter esculpido o busto de Frei Bruno, que está em um pedestal ao lado da Igreja.

No mês seguinte à sua chegada Frei Edgar reuniu os “fabriqueiros“ escolhidos para auxiliar na obra, todos católicos, pais de família, moradores antigos da cidade e que representavam a Comunidade: os Srs. Albino Biaggio Sganzerla (prefeito entre 1955 e 1956), seu sócio Clemente Tarrasconi, o hoteleiro David Tesser, Luiz Ghiggi, o industrial Francisco Santini, o comerciante Orestes Floriani Bonato, Oscar Rodrigues da Nova (prefeito de 1948 a 1951), o agricultor Vitório Pedroti e o gerente do Cine Imperial, Júlio Freitas de Oliveira. Em 1951 passaram a colaborar o contabilista Jacob Pessoto, o comerciante Ernesto Calliari, o ferreiro Cezar Omizollo e o marceneiro José Covolan.

Com projeto do arquiteto italiano Ticiano Bettani, a construção utilizou 750.000 tijolos maciços, sendo 500 mil no corpo da Igreja e 250 mil na Torre, Sacristia e Canônica. Na betoneira, argamassa de cimento, cal, terra vermelha do próprio local e pó de pedra.

A torre da Igreja, concluída em janeiro de 1952, tem 53 m de altura, e foi coroada com uma cruz de ferro de 3 m por 1,50 m, executada pelo Sr. Luiz Breda; o relógio, com 2,20 m de diâmetro, veio de São Paulo. O estilo da Catedral é predominantemente gótico; com belos vitrais, ela tem desde 1971 um monumental crucifixo de 8 metros de altura que sustenta o Cristo de 4 metros, obra em cedro do saudoso escultor Gotfredo Thaler.

Para o acabamento externo Frei Edgar projetou uma argamassa fina, composta de pó de pedra, cimento e vidro moído. O pó de pedra originou a tonalidade externa da Igreja, e o espetacular brilho que a caracterizava, hoje encoberto por sucessivas pinturas, provinha da adição de vidro moído…

Em 14 de setembro de 1948 mesma data em que era inaugurado o Aeroporto Municipal Santa Terezinha, foi terminada a cobertura da Capela-mór, e o relógio foi instalado em outubro de 1953, como recorda o Engenheiro Paulo Domingos da Nova.

Em janeiro de 1962 o dinâmico Sacerdote foi transferido para Canoinhas e em 1965, com apenas 64 anos, faleceu em São Paulo. Deixou-nos formidável herança: abrigo espiritual nas igrejas que construiu; templos de saber nas escolas edificadas; alívio ao sofrimento corporal pelo desvelo e dedicação no hospital que ergueu. Não foi só construtor de prédios, mas construtor de exemplos, de abnegação, de trabalho, de fé e de humildade. Mais que isso, deixou uma imagem marcante de excelente criatura humana, lembrada até hoje pelos que tivemos o privilégio de conhecer Frei Edgar.

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